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Lição de Casa-parte02

8 DICAS PARA FACILITAR O MOMENTO DO DEVER DE CASA E TRANSFORMÁ-LO EM UMA ROTINA

Por Redação do Colégio João de Barro

“Nós somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito.”
Aristóteles

Chegamos à parte 2 (dois) do nosso assunto sobre a lição de casa, na primeira parte (se ainda não leu, clique aqui e leia o conteúdo completo) você viu como é importante realizar o dever de casa e por que ele está relacionado com a aprendizagem. Agora, confira algumas dicas para facilitar o processo do hábito de fazer o dever de casa diariamente e que, também, irá ajudar pessoas de todas as faixas etárias a criar o hábito de estudos.

  • SEJA SINCERO
  • ATENÇÃO FOCADA
  • TUDO TEM SUA HORA
  • DIVERSIFIQUE SEM SAIR DA ROTINA
  • REFORÇE O QUE FOI VISTO
  • CHECAR O APRENDIZADO
  • PAUSAS E ALIMENTAÇÃO
  • DÊ SIGNIFICADO

1. SEJA SINCERO

Nós sabemos que é muito difícil, e até raro, que uma criança ou adolescente tenha real interesse por todos os conteúdos vistos na escola. Se eles não veem algum motivo ou algo atrativo para aprender o objeto de estudo, não vão conseguir armazená-lo. Muitas vezes, é preciso levá-lo a, pelo menos, decorar algo para ir bem nas provas e trabalhos.

Estudar não é fácil e também não é prazeroso, na maioria dos casos, a verdade é que boa parte dos conteúdos são importantes e farão toda diferença na vida do estudante, mas ele não vai reter e usar tudo para sempre. Portanto, ajude a criança a identificar o que faz sentido para ela, ajude-a a “decorar” aquilo que vê mais dificuldade e não sofra com isso afinal, não conseguimos deter  e conhecer profundamente tudo e todos os assuntos, não podemos esperar que as crianças consigam.

2. ATENÇÃO FOCADA

A atenção está diretamente ligada à aprendizagem e à consolidação dela. Aquilo em que concentramos nosso olhar com afinco, afeto e significado, será mais facilmente assimilado e armazenado no nosso cérebro.

Por isso, durante o momento do dever, filtrar informações é muito importante. A internet e toda a parafernália de material multimídia são muito relevantes, pois ajudam a construir uma rede mais complexa e completa de aprendizagem, mas selecionar informações é fundamental para manter o foco e concentrar no que realmente importa. Na hora do dever, limitar e selecionar o que será visto faz toda a diferença no foco e concentração, afinal, um jogo, vídeo no Tiktok ou uma série divertida, podem parecer muito mais interessantes do que o conteúdo escolar, por isso, devem ser evitados na hora dos estudos.

2.1  UM LUGAR PARA ESTUDAR – FOCO E ORGANIZAÇÃO

Dicas para ajudar você e seu(a) filho(a) a preparar o ambiente de estudos. Incentive-o(a) a fazer ele(a) mesmo esta organização:

  • Tenha um lugar na casa para os estudos, se possível, já deixe tudo preparado para realizá-lo.
  • Tenha um caderno, bloco de anotações, lembrete do celular ou agenda, a ideia é ter um lugar visível para anotar todos os deveres e trabalhos para realizar em casa. Separe por prioridade do dia, da semana…
  • Limpe o ambiente, quanto menos informações distratoras, melhor para o foco e concentração. Um ambiente limpo e organizado ajuda a manter a atenção no que importa.
  • Reduza as informações: Não é preciso colocar uma pilha de livros, dispositivos, cadernos, canetas e outros objetos para esse momento, selecione o que é necessário e comece a trabalhar (estudar).
  • A própria tarefa de preparar o ambiente já é um importante passo para começar a se concentrar, não sente e vá direto aos estudos, gaste um tempinho apontando os lápis, organizando os livros e deixando o ambiente pronto, esse ato irá levar para seu cérebro a informação de que você está se preparando para algo importante que virá a seguir.

Só é possível se concentrar em uma tarefa, se, de fato, souber qual é ela. Parece óbvio, mas pensa só em uma secretária que trabalha sem agenda, ela se senta à sua mesa, prepara todo o ambiente para começar a trabalhar, mas não faz ideia dos compromissos do dia, não tem um quadro de avisos e nada que dê pistas dos compromissos dela. Terá um desgaste enorme para começar a se concentrar. Saber o que tem que ser feito e ter as informações em fácil acesso, irá ajudar a memória a trabalhar melhor e com mais energia, que não foi desperdiçada à toa.

Ajude o estudante a escolher meios que mais funcionam para seu foco e disciplina. É importante que o local e horário reservados para os estudos seja calmo e silencioso.

3. TUDO TEM SUA HORA

Nos momentos adequados, é bom limitar os estímulos e privilegiar a informação que deve ser aprendida. Já falamos sobre a existência de um local apropriado para os estudos, mas temos que levar em conta que o horário e o tempo gasto para tarefa também precisam ser definidos, da melhor forma possível. Nesse momento, não se pode esquecer que os estímulos distratores devem ser reduzidos.

A criança aprende a lidar com regras, quando são bem estabelecidas e cumpridas. Estipule o horário diariamente e veja os resultados ao longo do tempo, desde que cumpra a rotina criada.

4. DIVERSIFIQUE SEM SAIR DA ROTINA

Diversificar a forma de estudar é importante, use vídeos, leituras, escute podcasts. Quanto mais sensores usar, melhor será, mas claro, tudo com direcionamento para que não caia na armadilha de perder o foco.

Criar uma rotina de estudos é fundamental para o cérebro entender que aquele momento é importante, e, assim, transformá-lo em um hábito.

5. REFORÇE O QUE FOI VISTO

A repetição não é simplesmente a decodificação de um mesmo termo, não é como gravar um número de telefone para usá-lo no momento e, em seguida, se esquecer completamente. Esse tipo de repetição, usada pelos estudantes que acabam parando para rever o conteúdo na véspera da prova, já provou ser ineficaz para um aprendizado a longo prazo, efetivo e concreto, afinal, logo após realizar a prova, já se esquece o que “decorou”. Isso funciona se o objetivo for simplesmente passar na prova. É importante ter sempre em mente qual o objetivo. Repetir um conhecimento visto irá ajudar com que ele seja armazenado, mas como?

A repetição precisa ser do uso da informação adquirida (em sala de aula, por exemplo), o uso dela deve ser realizado de forma prática, ela precisa ser aplicada e aprimorada, fazendo com que seu cérebro associe a nova informação a algo já conhecido, fazendo fortes ligações, elaborando uma cadeia de conhecimento em torno daquele novo dado.

Aprendemos por meio da memória, a memória arquiva aprendizagem por meio da repetição ou forte impacto.

A prática é a melhor forma de repetirmos uma ação. Praticar repetidas vezes é o que fará com que o cérebro entenda que aquilo é importante e fará com que seu corpo responda positivamente a isso, ao ponto de desenvolver estratégias para fazer aquilo de forma mais eficiente ao longo do tempo. Afinal, a lei do menor esforço nos beneficia quando entendemos que se o cérebro está buscando estratégias para fazer aquilo no menor tempo possível, significa que estamos ficando mais ágeis e habilidosos naquela tarefa.

“o cérebro é um dispositivo aperfeiçoado para guardar aquilo que se repete com frequência, pois provavelmente estes serão os dados relevantes para a sobrevivência.”(1)

6. HORA DE CHECAR O APRENDIZADO

“Será que realmente entendi o que foi falado na sala, bom, vamos ver agora, fazendo aqui sozinho, me recordando, revendo e aprofundando no que foi falado e feito no coletivo, na escola”.

Pensar que o para casa é uma forma de conferir o que foi visto e aprendido, fará com que o estudante busque por si formas de se desafiar a realmente compreender o assunto, buscar mais informações e reforçar por meio do dever. Claro, se tiver incentivo externo para fazê-lo.

7. PAUSAS E ALIMENTAÇÃO

Um antídoto a ser considerado para a sobrecarga da memória de trabalho (memória que usamos para nos lembrar de algo no ato da prática, recorrer à informações armazenadas com frequência para usá-la e aprimorá-la) é a prática conhecida como higiene mental. Momentos de repouso e de lazer são importantes para organizar nossa mesa de trabalho (essas memórias), deixar o ambiente preparado para novas ocupações ou para retomar as tarefas antigas com mais criatividade. A memória fica pronta para processar informações importantes após um descanso.

Outro ponto importante é o sono. Estudos comprovam que o sono ajuda na  consolidação do aprendizado, uma vez que entendemos que é nesse momento que o cérebro faz uma “faxina”, armazenando o que foi significativo e descartando o que foi negativo. Leia mais sobre o sono no nosso blog (clique aqui)

Fatiar o tempo dedicado ao estudo é importante, pois é mais fácil manter a atenção, assim como a repetição. Faça pausas, proponha a criança estudar concentrada por um tempo e descansar uns minutos (seja brincando com o pet, dando uma volta pela casa, algo que a dê prazer imediato, exceto eletrônicos, pois eles não ajudam a mente a descansar) Ver método pomodoro.

Faça um lanche leve antes de começar a estudar, beba água durante todo o processo. Estudar com fome ou desidratado não ajuda em nada a manter o foco e concentração.

Se necessário, descanse e desacelere o corpo e a mente antes de iniciar a tarefa.

Pare e respire. Quando perceber que a tarefa exigiu muito esforço de você e não consegue mais manter o foco, pare! Concentre na sua respiração por alguns minutos, olhe para fora, observe as cores, ouça os sons ao redor e, depois, volte sua atenção para os estudos. Isso ajuda seu cérebro a se “recompor” e voltar para um estado produtivo.

Afaste distratores como celular, televisão, videogames. Se o uso do celular ou computador for necessário, evite abrir janelas de navegação que o distraiam, se possível, crie um login ou acesso exclusivos para os estudos.

8. DÊ SIGNIFICADO

Estudar não é fácil e dificilmente prazeroso, exige atenção, interesse, concentração, uma energia enorme para processar as novas informações, disciplina e constância. Por demandar tanto esforço, acaba sendo exaustivo e desinteressante, especialmente sentar e começar. Por isso, nós adultos, temos a tarefa de dar significado aos estudos, mostrar (especialmente pelo exemplo) que se aquilo não gera prazer imediato, irá trazer recompensas futuras (nem que seja ir bem nas provas, dependendo do conteúdo). Por isso:

  • Pense em uma recompensa, estimule a criança a se dar uma recompensa por fazer o para casa (como o videogame, que oferece recompensas imediatas).
  • Quando possível, sente-se com a criança para auxiliá-la (mesmo os filhos adolescentes podem precisar de um apoio, às vezes).
  • O cérebro se dispõe a aprender aquilo que considera significante, o novo aprendizado precisa ter ligação com algo que já é conhecido e tido como importante. Pais e professores têm a missão de dar significado ao que o aluno precisa aprender, para que o reforço daquele aprendizado por meio do dever de casa seja significativo e válido.
  • Encontre ligações com a realidade (isso vale para todos os envolvidos na educação do estudante – pais, responsáveis e professores). Se não faz sentido no mundo real, o estudo é alienante e, até mesmo, desnecessário.

Quando a informação é relevante, se torna um registro na memória.

Retomando pontos importantes

Nosso cérebro trabalha para fazer o menor esforço possível, por isso, criar meios de facilitar o acesso para iniciar o dever, irá fazer o cérebro gastar menos energia se preparando para isso.

Fazer pausas para recomeçar irá mandar uma mensagem para o cérebro de que você não está tentando “acabar” com ele, e que ele “dá conta” de mais.

A recompensa é uma das formas de manter o cérebro interessado naquela tarefa. Com o tempo, o esforço para começar a fazer o dever será menor, pois se tornará algo habitual, já que o cérebro terá uma recompensa por aquilo.

O começo é sempre mais difícil, por isso, toda vez que tentamos criar um novo hábito, é preciso persistência e dedicação, depois de um tempo, percebe-se que aquilo não era tão difícil quanto parecia.

Por fim, a principal dica para fazer o dever todos os dias é COMEÇAR! Independente do desejo, disposição, ânimo, apenas incentive seu(a) filho(a) a começar, depois, as coisas vão fluindo e tudo se torna mais possível.

E você? Tem dicas e estratégias para estudar em casa e ajudar as crianças e adolescentes nessa missão em busca do conhecimento? Deixe registrado aqui, queremos saber o que tem a dizer!

Referência
COSENZA, Ramon M. & GUERRA, Leonor B. A lanterna na janela: A atenção e suas implicações na aprendizagem. In: Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. p.  51 – 74.

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