PRESENÇA VALE MAIS QUE MIL PRESENTES
Os filhos não precisam de pais gigantes, mas de seres humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de penetrar-lhes o coração. Augusto Cury
Quando falamos sobre o que é importante oferecer para as crianças, sabemos que não existe um manual e que nem sempre o que funciona para uns, será igual para outros e nenhum texto sobre o assunto será perfeito (nem pretende ser), nada traz uma solução completa, afinal, a criação dos filhos não é um roteiro idêntico para simplesmente ser seguido, cada indivíduo é único.
No entanto, estudos mostram que em cada etapa de nossas vidas temos certas atitudes em comum, e ainda mais a criança em seu processo de formação, influenciados pelo meio no qual vivem, elas não vêm com manual, mas existem algumas dicas, sugestões e estudos que valem a pena serem avaliados como uma opção de suporte para os pais, nessa aventura de “criar” uma família. Afinal, todos os pais têm o desejo de oferecer o melhor para seus filhos, não é mesmo?
Por isso, preparamos um material simples e prático para você, selecionando algumas atitudes que consideramos preciosas no cuidado de qualquer criança!! Vamos lá?!
1. Seu tempo é muito precioso
Você acha que o tempo que tem estado com sua criança é o suficiente? Como saber se o tempo investido com os filhos tem sido de qualidade?
Já tentou falar com alguém que não desgruda os olhos do celular ou da televisão? Isso nos deixa um pouco chateados, certo? Será que as crianças não percebem isso cada vez mais nos adultos? Cobramos e esperamos uma maturidade e compreensão da criança que, muitas vezes, nós não temos.
Vivemos em um mundo que exige cada vez mais de nós, que sejamos bem sucedidos, que tenhamos mais e mais bens, que sejamos atletas, felizes, fortes, isso acaba, muitas vezes, nos levando a fazer o mesmo com as crianças e adolescentes. Entramos em uma necessidade de autoexigência e cobrança, o que acaba refletindo no que ensinamos a eles. Não estamos dizendo que ensinar a criança a ser a melhor versão de si seja ruim, estamos pensando em todo o tempo gasto e cobrado delas para que assim sejam.
Com tantas tarefas diárias que temos e as inúmeras atividades que exigimos das crianças (ou o tempo que elas gastam diante das telinhas) temos perdido, cada vez mais, o tempo em família, não estar apenas presente (em uma mesa de jantar reunidos com nossos celulares nas mãos), mas ser presente, com atenção plena e direcionada.
Não existe uma fórmula secreta que resolva o problema com a falta de tempo, existe encontrar o próprio caminho e prioridades que nos fazem amenizar essa dor em tempos tão acelerados. Aqui temos algumas possibilidades:
- Olhar nos olhos da criança enquanto ela te conta uma aventura ou dor que está passado (e entender que a dor dela é real, mesmo que pareça pequena para você).
- Prestar atenção verdadeiramente em um desenho que ela fez para você e o que ela tem a dizer sobre isso.
- Ficar um tempo na cama lendo uma história ou criando uma com ela antes de dormir.
- Se divertir com ela em uma brincadeira que exija um pouco do seu esforço,
- Entender por que, já tarde da noite, ela pula no sofá e grita (tentando chamar sua atenção).
- Tirar tempo para conversar (e ouvir verdadeiramente) como foi o dia dele(a), como ele(a) está se sentindo. Isso fará mais diferença do que você se esforçar muito para dar o celular mais desejado do momento.
- Desligue-se um pouco do trabalho, do celular e da televisão. Não adianta dizer que todo seu sacrifício é pelo bem da criança. Por mais que isso seja verdade, nada substitui pais presentes e atentos.
Existem diversas formas, investindo poucos minutos, que nos fazem estabelecer laços de proximidade com a criança, que criarão memórias eternas. Além disso, quando ela tem
verdadeira atenção em casa, ela se torna mais confiante, segura do seu valor e empática.
2. Ensine pelo exemplo
Educar pelo exemplo já mostrou ser muito mais eficaz do que pela ameaça ou apenas com meras palavras. A criança, principalmente antes dos sete anos, aprende muito pelo que vê, pelas experiências que vivencia, pelo afeto que recebe. Aproximar-se dela e se mostrar humano, com falhas e conquistas, aventuras e dores fará com que ela sinta que seus pais não são super-heróis distantes de sua realidade, infalíveis e sem emoção, mas são com elas, cheia de sonhos, acertos, falhas e disponíveis para um relacionamento próximo.
Perceberão que são tão humanos quanto elas, que, assim, também podem mostrar suas falhas, confiar, criar proximidade e perceber que é em casa que elas têm a maior segurança. Nós somos feitos de memórias, nosso caráter e personalidade são moldados a partir de estímulos internos e externos. Por isso, as memórias, emoções e aprendizados na vida da criança fazem toda a diferença no adulto que ela se tornará. Tenha coragem de se mostrar para ela, com todo seu ser. Reflita diariamente: “O que meu filho tem registrado quando me vê?”
3. Faça elogios descritivos
Uma vez li em um livro (nas referências) que o elogio superficial gera mais dúvidas sobre nossas capacidades e habilidades do que certeza. E isso faz todo sentido. Se você faz um belo trabalho e alguém diz: “você é ótimo”, pode ser que, com isso, você se lembre de todas as vezes que não foi tão bom assim e pense: “você diz isso porque não sabe que eu falho mais do que acerto, isso foi sorte, não sou tão bom assim”. Mas, se alguém chegar e dizer: “Nossa, você conseguiu sintetizar as informações de forma clara na planilha, compartilhou com antecedência com todos os envolvidos e ainda soube explicar tudo o que estava lá, fez um ótimo trabalho!”, assim, fica muito mais fácil você reconhecer seu valor e se sentir realmente feliz e grato com aquele elogio. Faz sentido para você?
Esse tipo de elogio descritivo dá mais trabalho, mas nos faz ter um olhar muito mais atento ao que a criança faz. Certamente, isso a tornará mais forte emocionalmente, e ela perceberá o próprio valor e habilidades e, também, em que está falhando para poder aperfeiçoar.
4. Carinho nunca é demais
Dê colo para sua criança, mostre que ela merece sim todo amor e afeto do mundo, demonstrar amor por ela nunca é demais, sempre há tempo para um forte abraço. Isso não vai mimar a criança, nem irá afetar sua boa educação e conduta. Ah, seria bom se todos os adultos tivessem recebido muito colo, afeto e cuidado quando criança.
5. Ensine a criança a lidar com os erros
Errar é humano, já conhecemos essa frase e sabemos que estamos todos sujeitos a cometer erros, todos os dias, e que isso não é nosso fim, mas também não precisa ser uma acomodação. Podemos usar nossos erros para aprender e melhorar, certo? Então, mostrar para criança que seus erros e frustrações podem ser superados e que elas podem aprender com eles, fará com que ela se sinta mais confiante e lide melhor com a realidade, sabendo que isso vai acontecer e ela precisará lidar com os desacertos de alguma forma.
6. Acredite no potencial e ensine sua criança a pensar
Não subestime a capacidade de sua criança, incentive-a a sonhar e a pensar como alcançará os sonhos. Ensine-a a ter metas, organização, sucesso nos estudos, nas relações sociais e no trabalho. Mas mostre que não precisam temer e parar quando falharem. Faça-as entender que cometerão falhas, mas que não precisarão desistir por isso. Que o não faz parte da vida e é fundamental para o nosso crescimento. Ensine-as a serem perseverantes e saber o momento de reconhecer os erros e aprender com eles. Para a vida, não basta saber as coisas, é preciso saber lidar com os obstáculos e desafios também, mesmo que signifique, às vezes, recomeçar. Como fazer isso? Sinta-se corajoso para dizer a eles: “eu errei!, “Me perdoa”, “Eu preciso de ajuda” e, também, para ser o exemplo que sua criança irá copiar.
7. Procure um especialista
Se sentir que sua criança precisa de ajuda, seja emocional, física, ou na área educacional, não hesite em procurar a ajuda certa. Não tem nada de errado em não estar tudo bem, o erro é fechar os olhos para os problemas e deixar a criança sofrer na sua dor. Escute a escola, não necessariamente aceitando tudo, mas buscando sempre o melhor para sua criança. Não considere tudo que ela fizer de “errado” como pirraça, preguiça ou falta de educação, esteja atento aos sinais que seu(a) filho(a) te dá. Os pais não precisam lidar com tudo sozinhos, nem saber de tudo, nem acertar sempre. Só precisam compreender que nem tudo serão flores nessa linda missão de criar futuros adultos brilhantes, mas que com amor e direcionamento, você pode sim acertar muito.
Chega o dia das crianças e muitas já esperam ganhar um belo presente, e, não tem nada de errado em querer oferecer algo precioso para elas, qual pai e mãe que não abriria mão de algo para si só para ver o(a) filho(a) sorrindo com um presente superlegal. Mas ensine-a que o consumismo de fato consome, que esse não pode ser o objetivo da vida delas. Existem valores mais preciosos a se ter do que os materiais.
Procuramos resumir nesse texto um pouco de ciência e muitas experiências de pais que já aprenderam muito sobre a incrível aventura de criar os filhos e continuam buscando conhecimento. Claro que as possibilidades não findam aqui, todos os dias podemos aprender algo novo que transforma nossas vidas e de nossos filhos. O importante é nunca parar de aprender para ensinar e proporcionar muito afeto aos pequenos!!
Para aprofundar nos temas aqui citados, sugerimos duas leituras:
– FABER, Adele. MAZLISH, Elaine. Como falar para o aluno aprender. São Paulo: Summus, 2005.
– CURY, Augusto. Pais brilhantes, Professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.