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7 dicas para se comunicar melhor com as crianças em situações-problema

Por Redação João de Barro

Será que crianças e adolescentes escutam nossas broncas, comandos e sermões? E nós, professores, pais e familiares, realmente os escutamos e compreendemos suas necessidades? Nem sempre é possível, não é mesmo?

A comunicação é um pilar importante em nossos relacionamentos e precisamos buscar melhorar a forma como ouvimos e falamos com as pessoas, sabendo que isso envolve, também, a maneira pela qual nos expressamos.

Pensando nisso, selecionamos 7 estratégias para auxiliar pais e professores a lidarem com situações de conflito comuns no convívio com crianças e adolescentes. 

Embora cada um seja único e nos surpreenda, existem alguns padrões de comportamento que são necessariamente humanos. Pensando nisso, selecionamos orientações e ensinamentos de alguns livros sobre o assunto, todos recomendados no final deste texto, e observamos os resultados da prática de professores no seu dia a dia em sala, percebemos que algumas formas de se comunicar alcançam um resultado satisfatório com os mais jovens,além da sua atenção e desenvolvimento.

Desejamos que essas 7 dicas possam te ajudar a melhorar sua prática (professor) e relacionamento (família) com as crianças e adolescentes que os rodeiam.

Boa leitura!

  • Escuta ativa – ouvir até o fim da fala

Saber ouvir é a primeira regra para uma boa comunicação. Antes de buscar soluções, julgar e tomar decisões acerca de uma situação, é importante saber o que a criança tem a dizer. Ouvir sem julgamento, compreendendo, de fato, o que o outro está sentindo ou quais são as suas necessidades faz toda diferença na resolução de problemas.

Para que isso seja possível, é preciso ouvir até o fim, atentamente e com empatia, afinal, muitas vezes, nós, adultos, temos a mania de acreditar que conseguimos “ouvir” tudo que o outro diz enquanto trabalhamos, mexemos no celular ou fazemos qualquer coisa simultaneamente. Quando paramos e olhamos para o falante, mostramos que ele merece atenção plena e o que tem a dizer é importante para nós.

Só após ouvir, verdadeiramente, quais são as necessidades do indivíduo é que poderemos fazer intervenções e buscar soluções para o problema.

“Quem responde antes de ouvir comete grande tolice e passa vergonha.” Pv. 18:13

  • Busque soluções para problemas difíceis quando estiver calmo e com tempo

Muitas vezes, algum problema o qual estamos vivenciando com a criança demanda tempo para se resolver, e no ímpeto de nos livrarmos dele, recorremos a soluções imediatas e saídas fáceis, quando a situação ainda nos incomoda.

Tem coisa que pode esperar, como uma conversa séria sobre uma atitude desrespeitosa da criança contra alguém, ou um feedback sobre um comportamento inadequado da criança na escola e diversas situações que podem nos deixar aborrecidos demais para conter as palavras agressivas e desmotivadoras.

Espere a raiva passar, dê um tempo para o cérebro reavaliar as emoções e a situação naquele momento. Para ser assertivo e obter resultados, acolha, claro, com firmeza e sem deixar de mostrar sua desaprovação para determinadas atitudes. 

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra ríspida desperta a violência.” Pv. 15:1

  • Evite sermões, apresente suas necessidades com objetividade, sem atacar a personalidade do outro.

Dizer como se sente é mais produtivo do que acusar o outro de nos magoar, em diversas situações. É mais provável que haja uma comunicação com resolução do problema quando não culpamos e apontamos o erro do outro, ou atacamos sua personalidade, mas expressamos nossos sentimentos. Por exemplo, poderíamos dizer “Sinto-me desrespeitado se me interrompam quando estou explicando algo.” no lugar de dizer “Você não respeita ninguém, quer sempre falar junto a outra pessoa.”

Comandos pontuais também funcionam melhor do que longos discursos sobre a importância daquela ação. Podemos apenas lembrar a criança: “Ana, seu casaco” em vez de ficar horas dizendo e discutindo os porquês de a criança levar o casaco, se estressando e deixando-a impaciente com o discurso.

“Quem vigia as palavras conserva sua vida, mas o que fala demais arruína a si mesmo.” Pv. 17:27

  • Descreva o problema ou dê informações 

De acordo com Faber e Mazlish (2005), quando descrevemos o problema, em vez de acusar ou ordenar, as crianças tendem a se comportar com mais responsabilidade, ao invés de apenas ignorar nossa fala. 

A ideia seria, por exemplo: no lugar de “Você é muito descuidado, espalhou todos os brinquedos e não os guardou.” prefira “Maria, os brinquedos ainda estão espalhados.” ou “Os brinquedos precisam voltar para o baú.”

  • Deixe recadinhos

Recadinhos na geladeira ou no resultado de uma prova podem ser estimulantes para os pequenos, tanto uma orientação como um feedback ou incentivo. Experimente se expressar por meio deles, claro, sem usar palavras ameaçadoras ou que diminuam o outro. 

Por exemplo: “Pedrinho, preciso de você para não passar fome, por favor, deixe comida na tigela antes de sair. Com amor, ‘o cãozinho’.” ou “Querido aluno, conto com você para nossa aula ser produtiva hoje, quero ouvir sua opinião sobre o tema durante a aula.” 

  •  Fuja da comparação

Os estudos de Rosenberg (2006) nos mostram que se o objetivo é tornar a própria vida ou a do outro infeliz, um dos melhores caminhos é a comparação.  Ela bloqueia a compaixão por nós mesmos e pelo outro. 

Ao corrigir uma criança, podemos ter a tendência a compará-la com um irmão, um primo, amigo ou colega de sala. Com isso, não só prejudicamos a visão que ela tem de si mesma, como também, bloqueamos a possibilidade de alcançarmos nosso objetivo ao educá-la. A maioria de nossos atos como pais e professores não é intencionalmente prejudicial à formação dos pequenos, crescemos aprendendo que tudo bem se comparar, que é normal acusar ou diminuir o outro, fazemos isso com a melhor das intenções. Porém, não podemos nos esquecer que, assim como desejamos que as crianças sejam melhores a cada dia, precisamos buscar isso para nós também. 

Não compare a criança com outras, mostre-a o erro e como ela pode ser melhor sim, mas apenas do que ela mesma, aprendendo, evoluindo e desenvolvendo-se em cada área da vida dela.

  •  Olhe para si primeiro

Como adultos e autoridade sobre os mais jovens, temos o poder de exercer grande influência sobre eles, por isso, precisamos nos lembrar que se queremos crianças maduras, obedientes, generosas, saudáveis e que desenvolvam valores e habilidades, precisamos ser assim também.

As crianças aprendem pelo exemplo, pelo diálogo afetivo, pela prática. O que fazemos, o que e como dizemos algo e o que ensinamos a fazer e dizer terá grande repercussão na formação do caráter que elas desenvolverão.

Vivemos em uma sociedade na qual rotular, comparar, criticar culpar, ridicularizar e insultar são ações comuns e constantes. Não nos damos conta que dizer “seu problema é ser…” não só ofende o outro como bloqueia uma comunicação assertiva e resolutória.

Segundo Marshall Rosenberg (2006), estamos muito mais preocupados em “classificar, analisar e determinar níveis de erro”, do que em verificar as nossas necessidades e as dos outros. Pense na forma como gostaria que alguém o tratasse diante de uma falha, talvez exista uma maneira pela qual as pessoas poderiam se comunicar conosco que nos faria ter mais confiança e coragem de sermos nós mesmos. Reflita sobre isso, adicione a informação de que crianças e adolescentes ainda não têm responsabilidades de ser, fazer ou pensar como adultos, elas estão em formação e dependem de nós.

Mas seja capaz de compreender a si mesmo também, reconhecer suas habilidades e falhas na área, para, então, conseguir se desenvolver para instruir e orientar a criança no caminho certo. 

PARA FINALIZAR

Todos querem ser ouvidos e compreendidos.

Para se comunicar de forma mais empática é preciso mudar muito mais do que as palavras, mas a forma como pensamos e enxergamos o outro e a nós mesmos. Para aprofundar mais sobre os assuntos trazidos aqui, sugerimos que leiam os livros que nos inspiraram, todos descritos na bibliografia. 

Até mais!

Bibliografia

BRYSON, Tina Payne, SIEGEL, Daniel J. O cérebro da criança. 1º Ed. São Paulo: NVersos, 2015.

FABER, Adele & MAZLISH Elaine. Como falar para o aluno aprender.  2º Ed. São Paulo: summus editorial, 2005.

ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. 1º Ed. São Paulo: Ágora, 2006.

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